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sábado, 23 de janeiro de 2010

Desalojados de Camarate... foi há 24 anos

Em Janeiro de 1993, uma ordem de desocupação põe 650 pessoas na rua. A ordem do Tribunal Judicial de Loures cumpre-se sem incidentes, com uma forte presença da GNR. As pessoas retiram os seus haveres dos dois edifícios onde estavam a morar. Sem outra casa para onde irem, os então desalojados ficam ali mesmo, na rua. Vivem ao relento durante vários dias, até que são abrigados provisoriamente numa fábrica desactivada, em Sacavém, e num armazém, em São João da Talha, alugado pela Câmara de Loures.

Nos anos 70, o Instituto de Apoio ao Retorno de Nacionais (IARN) tinha alugado dois edifícios em Camarate, para albergar provisoriamente portugueses vindos das ex-colónias, a maioria de Moçambique. Mas, após a extinção do IARN em 1981, os edifícios conhecidos como Lar Panorâmico de Camarate continuaram cheios de gente.

Alguns dos que inicialmente ali tinham sido alojados nunca abandonaram o local, outros vieram já nos anos 80 ocupar quartos que entretanto tinham ficado vagos.

O proprietário quis reaver o imóvel. Em 1991, pôs uma acção no tribunal de Loures em nome de uma Fundação – a Fundação Santa Maria da Silva - e ganhou.

Na altura, a SIC acompanhou a história e o drama humano dos desalojados do Lar Panorâmico, desde o dia do despejo.

O processo foi longo e difícil, com inúmeros episódios de tensão social e luta política, entre o então governo de Cavaco Silva e a Câmara liderada por Demétrio Alves. Em vários momentos, os desalojados foram hostilizados por populações de bairros onde os quiseram realojar. O País testemunhou o racismo mal disfarçado, mas também a generosidade e a solidariedade que se gerou em torno de quem tinha perdido pela segunda vez a anterior forma de vida.

Cidadãos anónimos mostraram-se chocados e deram apoio. A Camarate chegaram alimentos, cobertores e a ajuda da Cruz Vermelha. A escola C+S de Camarate albergou 50 crianças, os bombeiros ofereceram duches, os donos dos cafés permitiram o uso das casas de banho a quem dormia na rua...

Quisemos saber o que aconteceu a essas pessoas, adultos e crianças, que protagonizaram a história do maior despejo alguma vez feito em Portugal.

Quisemos ouvir as memórias que os então desalojados guardam dos dias e das noites que passaram ao relento, e testemunhar o que mudou na vida dessas pessoas.

Sabíamos que em 1994 tinham sido realojadas na Quinta das Sapateiras, em Loures, em apartamentos de renda social, e treze anos depois fomos à procura de alguns dos rostos que apareceram nas reportagens que fizemos na altura.





Fonte: http://sic.sapo.pt/
Jornalista: Carla Castelo
video da reportagem em: http://www.anmp.pt/

10 comentários:

Anónimo disse...

So tenho pena é aquele dois "mamarrachos" continuarem ali de pé sem qualquer tipo de utilização, não só dá um aspecto de degradação como se torna um local de gandulagem ainda por mais com uma escola ali tão perto. Pelos vistos esta ali até cair.

xpto disse...

De facto é verdade, é um espaço muito mal aproveitado, vamos dar tempo ao tempo... ainda mais!

:)

Anónimo disse...

Aqueles dois edificios arranjados, com toda toda aquela magestude que o edificio tem davam optimas condiçoes pa uma escola, biblioteca, serviço publico etc, ainda mais com uma quinta antiga do redondo é uma rua em degredo meu deus, poderia ser das ruas mais bonitas

Anónimo disse...

Boa noite, o anónimo 18:28 ou o responsável pelo jornal de camarate podem me ajudar?, estou a fazer um trabalho para a escola sobre camarate, patrimonio, populaçao etc, e a respeito do património nao consigo encontrar onde ficam as respectivas Quintas de Camarate que os sites mencionam : Quinta das Portas de Ferro; Quinta das Laranjeiras; Quinta da Morgada; Quinta da Nora; Quinta das Mil Fontes; Quinta Santa Teresa;Quinta do Salter; Quinta de Marvila; Quinta dos Matos Pequenos, espero nao abusar, e quaisquer informaçoes fico grato antecipadamente grato

Alexandre

xpto disse...

Bom Alexandre, era com todo o gosto que ajudaria, mesmo, mas de facto também já andei a pesquisar e não é fácil encontrar informação sobre as quintas de Camarate.

Aconselho-te seriamente a passares talvez pela junta de freguesia e tentares pedir informação sobre o que procuras, é também minha intenção publicar aqui os monumentos que Camarate possui, mas isso de facto é um árduo trabalho de pesquisa.

Boa sorte,
dá notícias :)

SERGIODAUDE disse...

Olá. Vivo em Camarate há quase 30 anos e acompanhei o dsalojamento dos "últimos inquilinos" do lar Panorâmico". Digo últimos porque após a saída daqueles, pese o grande burburinho,o recurso ganho pela referida Fundação,o mediático aparatus policia e toda a também mediática publicidade que o caso teve nos meios de comunicação, os dois edificios ficaram para alí abandonados e esquecidos á mercê da degradação causada pelo tempo, e sem qualquer tipo de manutenção.
Urgia de facto que se fizesse alguma coisa, quiçá a mercê da degradação dos edifícios que já entra na maioridade, talvez fosse de muito boa ponderação decidir-se pela sua demolição.
Nenhum daqueles edificios tem qualquer possibilidade de habitabilidade e quanto a qualquer consideração no sentido de reabilita-los essa seria ainda mais onerosa financeiramente do que a de ali se erguerem outros dois novos.
Quanto ao desalojamento dos antigos inquilinos daqueles edifícios urgia de facto dar-lhes uma solução para o seu alojamento precário, embora não se justificasse nunca os meios utilizados para o fim proposto.
Consta que a GNR cercou os e tomou de assalto os edificios enquanto as pessoas que ali viviam ainda dormiam. os soldados entraram, arrombaram as portas dos quartos, e valendo-se de força bruta, fizeram sair senhoras idosas,mulheres e crianças, precipitando-as pelas escadas abaixo em direcção às saídas, isto por volta das cinco horas da manã daquele dia.Só lhes foi permitido retirar os seus haveres por volta das nove da manhã desse dia.
Os meios utilizados foram vergonhosos e desnecessário pois ao que parece as pessoas não terâo recebido qualquer ordem de despejo.
Creio que quem de direito deveria de facto demolir aqueles edíficios e aí talvez atendendo a outras necessidades existentes na autarquia aproveitar-se aquele espaço e também reabilitar-se aquela rua, que pertencendo á freguesia é uma das suas maiores artérias.
-Sérgio Iahaya dos Santos Daúde
(www.desigualdadedireitos.blogspot.com)

SERGIODAUDE disse...

Olá. Vivo em Camarate há quase 30 anos e acompanhei o dsalojamento dos "últimos inquilinos" do lar Panorâmico". Digo últimos porque após a saída daqueles, pese o grande burburinho,o recurso ganho pela referida Fundação,o mediático aparatus policia e toda a também mediática publicidade que o caso teve nos meios de comunicação, os dois edificios ficaram para alí abandonados e esquecidos á mercê da degradação causada pelo tempo, e sem qualquer tipo de manutenção.
Urgia de facto que se fizesse alguma coisa, quiçá a mercê da degradação dos edifícios que já entra na maioridade, talvez fosse de muito boa ponderação decidir-se pela sua demolição.
Nenhum daqueles edificios tem qualquer possibilidade de habitabilidade e quanto a qualquer consideração no sentido de reabilita-los essa seria ainda mais onerosa financeiramente do que a de ali se erguerem outros dois novos.
Quanto ao desalojamento dos antigos inquilinos daqueles edifícios urgia de facto dar-lhes uma solução para o seu alojamento precário, embora não se justificasse nunca os meios utilizados para o fim proposto.
Consta que a GNR cercou os e tomou de assalto os edificios enquanto as pessoas que ali viviam ainda dormiam. os soldados entraram, arrombaram as portas dos quartos, e valendo-se de força bruta, fizeram sair senhoras idosas,mulheres e crianças, precipitando-as pelas escadas abaixo em direcção às saídas, isto por volta das cinco horas da manã daquele dia.Só lhes foi permitido retirar os seus haveres por volta das nove da manhã desse dia.
Os meios utilizados foram vergonhosos e desnecessário pois ao que parece as pessoas não terâo recebido qualquer ordem de despejo.
Creio que quem de direito deveria de facto demolir aqueles edíficios e aí talvez atendendo a outras necessidades existentes na autarquia aproveitar-se aquele espaço e também reabilitar-se aquela rua, que pertencendo á freguesia é uma das suas maiores artérias.
-Sérgio Iahaya dos Santos Daúde
(www.desigualdadedireitos.blogspot.com)

Rute disse...

Boa tarde, alguém pode ajudar-me? Eu estou a fazer um projecto sobre Camarate e precisava de saber se estes edíficios ainda têm dono ou se estão simplesmente ao abandono e se exizte uma planta dos mesmos.
Obrigada

soldoalgarve disse...

Vivi la no lar tenho sudades cheguei la em 1977 foi grande convivio os retornados deram muito a Portugal em todos os aspectos cultuaris amizade, camaradagem, liberdade, sinceridade, afecto, sentido de comunidade e deram um pouco de Africa. Muitos ja partiram viviam em luad«gres diferentes minha mae partiu estou muito comovido seu corpo esta mesmo ao lado no cemiterio de camarte

Anónimo disse...

Isso é mentira pois eu era uma das moradoras dali e sei perfeitamente que n foi a essa hora que tudo isso aconteceu